BIOGRAFIA DO SONO * Sleep biography

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Desconheço as causas, mas os efeitos pesam decididos sobre minhas pálpebras, maltratando-me com deboche  e  petulância…

Quero ficar aqui!  Tomando chás que não sinto mais o gosto.  Mastigando lascas de chocolate e migalhas da paçoquinha encontrada no fundo da bolsa,  para depois correr e limpar os dentes remoída de arrependimento.

Deixe-me neste canto, sozinha, à toa,  calada… Assistindo filmes  cujos enredos não me convencem,  mas  arrancam com ânsia pigarros da garganta,  e aceleram a dança  sinuosa dos joelhos,  tentando encontrar um encaixe menos dolorido.

Se acordar no meio da noite estarei como um trapo,  enxergando-me menos que ontem, entre as frestas  de uma madrugada ligeira e  infinita.

Quando finalmente abrir os olhos, dando-me conta  de um dia novo, devolverei ao tempo esse cansaço  anestesiado de preguiça.

Peço aos julgadores que me sentenciem, porque dormi.  Dormi mesmo! Dormi de propósito! E daí? Dormi!

Não resisti! Entreguei minha sina e minha estrela nas mãos de qualquer um, sonhando coisas que não lembro mais, vivendo pesadelos  sombrios  e apaixonados com inimigos.

Dormi, porque entendi que desligar  o corpo era a única saída permitida. Dormi.

Ana de Lourdes Teixeira – Agosto, 2017


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