CARTA À DEMOCRACIA

TORNEIRA

Cara,  Democracia!

Sonhava com pequenas abundâncias: uma árvore, um teto, e uma voz a defender meus pensamentos.

Mas eles criaram divisas, e agora, estão ocultos em tocas digitais.

Pensei que cedo ou tarde, chegaríamos ao redor de um poço, onde a água seria de todos,  e as canecas de ninguém.

Pensei também, que a nossa convivência estivesse autorizada, constituída, mas ela nasce lume e morre fosca todas as noites.

Arrancam com força nossas asas noviças, que mal dominam as complicações de um voo, porém, aprendemos a calcular a cotação diária da liberdade. Enganam-se sobre nós.

Ah! Minha amiga, o vento nos soprou para longe. Espalhados estamos, vociferando idiomas confusos, quase indecifráveis…

Ouço o vozear deste futuro arenoso, mas não encontro a frase certa, que encha de frescor as nossas vidas e dê sentido às nossas canecas.

Ana Teixeira, Julho/2019


3 comentários sobre “CARTA À DEMOCRACIA

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